Autora: Lisiane Calza, gerente de contas especiais de monogástricos da Auster Nutrição Animal.
Outubro 2021
A produção avícola sempre foi reconhecida pela eficiência entre os recursos empregados no sistema e o volume de proteína produzida. No entanto, temos vários desafios devido ao aumento acentuado para a demanda global por proteínas. Para se ter uma ideia, a produção total de carnes deverá crescer mais de 40 mil toneladas no período de 2016 a 2028, atingindo quase 364 mil toneladas. De acordo com dados da FAO, a maior parte deste crescimento será atribuída ao mercado de frangos de corte (50% do volume total de crescimento nestes 12 anos de avaliação) e deverá ser 2,7 vezes superior nas regiões em desenvolvimento, em especial América Latina, África e Ásia, que nas regiões desenvolvidas do planeta.
Desta forma, a necessidade de resolver o problema associado à alta incidência de distúrbios metabólicos, como miopatias, tem atraído enorme atenção do setor. Estudos demonstram que o distúrbio conhecido como “Peito Amadeirado” está emergindo em uma escala global. O caso ocorre quando o músculo peitoral da ave apresenta rigidez devido a uma degeneração muscular extrema e hipóxia tecidual (classificada em diferentes graus), ocasionando alterações sensoriais como: cor pálida, hemorragia superficial e listras brancas, gerando grave impacto na textura da carne, no conteúdo de proteínas e na capacidade de retenção de água, ocasionando problemas na aceitação e compra pelos consumidores.
Embora a etiologia do distúrbio ainda não seja totalmente conhecida, vários estudos especulam fatores potenciais para a ocorrência do peito amadeirado, incluindo hipóxia muscular localizada, estresse oxidativo e aumento dos níveis de cálcio. Também tem sido apontada de forma rotineira pela indústria de frangos de corte como tendo origem supostamente ligada à seleção genética para rápida taxa de crescimento e maior rendimento de carne de peito.
Cerca de 2/3 do fósforo contido nos ingredientes de origem vegetal estão numa forma indisponível para a ave, devido à ligação ao inositol, formando a molécula do ácido fitico ou hexafosfato de Inositol. Essa molécula pode formar complexos orgânicos com minerais nutricionalmente importantes, como CA, ZN, MN, CU e FE, afetando a disponibilidade desses, além de proteínas e energia para os animais monogástricos. A importância desses minerais está na sua ligação com o crescimento, imunidade, saúde intestinal e status antioxidante, bem como numerosos outros papéis no metabolismo.
Nas rações animais, a concentração de fitato varia de 2,5 a 4g por quilo de ração e o conteúdo de fósforo neste está em torno de 282g por quilograma de ácido fítico. Para que se observe expressiva melhoria nesse aspecto, deve-se objetivar maior produção de IP3. Dessa forma, doses maiores de fitase são realmente necessárias. O ideal seria passar para 1.500 FTU/kg ou mais (conceito de superdosing).
Em avaliações a campo realizadas em projetos avícolas do Brasil, observamos que o uso de Quantum Blue gera potencial de redução de escores severos de peito amadeirado na ordem de 25 a 50%, dependendo da estrutura de alojamento e do perfil da dieta adotada. Esses resultados são sugestivos sobre a eficiência da ruptura do anel de fitato (gerando o máximo de esteres de Ip3, Ip2 e Ip1, possível) quanto a liberação de microminerais importantes para a geração de mioglobina (tal como Ferro), além de outros microminerais e nutrientes com grande poder antioxidadente em células (tais como Selênio, Zinco Inositol).
Com o uso da superdosagem de fitase (Quantum Blue) buscamos melhor aproveitamento dos ingredientes, garantindo a absorção pelos animais, impactando a redução de custos associada à melhoria da modulação do microbioma e redução de condena por peito amadeirado.